“As igrejas dos nossos dias parecem crer que Deus existe
para salvar o homem e mantê-lo feliz.” (R. J. Rushdoony)
Ao refletirmos sobre esta frase de R. J. Rushdoony dentro do
contexto atual da nossa sociedade e de muitas igrejas que têm se destacado por
meio da mídia televisiva, precisamos antes de tudo, saber qual a verdadeira
finalidade da criação do homem pelas mãos de Deus; e a resposta é: Deus nos
criou para glorificá-LO e gozá-lO para sempre; ou seja, não há razão de viver
para o homem quando este não está vivendo para a glória de Deus. E o que é
viver para a glória de Deus? Viver para a glória de Deus é ter tido um encontro
com Deus e a partir deste evento voltar toda a sua vida e propósitos para o
alvo certo: para a glória de Deus. Como? Sendo servo e evidenciando que a
imagem de Deus foi restituída em sua vida, deixando as obras mortas da carne
contaminada pelo pecado, nas quais andava e por isso o faziam inimigos dele e
vivendo em obediência à sua Palavra.
O problema em nossos dias, é que o homem desta era,
envolvido neste sistema busca desenfreadamente o seu bel-prazer, sua própria
satisfação, não importando mais nada, nem mesmo os valores, pelos quais antes
tínhamos tanto zelo em preservar enquanto sociedade; hoje estes valores: Deus,
Bíblia, Família, Respeito, Honestidade, Justiça, etc. estão sendo desprezados e
tidos como nada; e isso tem sido muito apoiado pela mídia em geral,
principalmente a TV e a Internet, e esta influência negativa se expande com uma
rapidez incrível transformando negativamente a mente dos nossos jovens e de
nossas crianças, os quais começam formar a nova geração de pessoas cada vez
mais rebeldes a Deus, à Bíblia e a tudo quanto está relacionado a Ele.
Vivemos dias em que, mais do que nas épocas que nos
antecederam, os homens só pensam em si mesmos, o outro não importa mais, Deus
não importa mais, o que Deus pensa da forma como eles têm andado não importa
mais, e ai daqueles que se opõem biblicamente às suas práticas; se pudessem já
teriam extinguido a Bíblia e os verdadeiros cristãos; até ocorre a manipulação
da opinião pública em favor de certas práticas por meio de Projeto de Lei (ex.:
PL 122/2006), onde Deus é tido como um nada; onde os símbolos religiosos são
ridicularizados em Parada Gay e mediante Leis, sutilmente expulsos do País que
se autodenomina Laico, e por aí vai. E esta mentalidade não fica apenas lá, fora
das igrejas, infelizmente temos visto multidões abarrotando templos em busca de
seu bem-estar financeiro, de luxo, de sucesso; em cujos púlpitos, para agradar
o gosto do freguês, o que se prega é que quem não é próspero é porque não é
fiel, levando muitas pessoas a até tirarem tudo o que têm das contas bancárias
e doarem para eles, porque entendem que isto é que é ser fiel, mas é um
investimento, o retorno vem em forma de sucesso, vitória financeira, familiares
convertidos (como se esta obra de converter fosse negociada pelo próprio homem
à base de dinheiro) etc. Púlpitos estes, onde ouvimos pregações do tipo:
"Se Deus não fizer, eu rasgo a minha Bíblia", ou, "Deus, eu
exijo isso, eu determino aquilo", ou seja, o homem quer ser o centro de
tudo, essa é a nossa realidade atual. E aí perguntamos: Foi o homem criado para
Deus, ou Deus para o homem? Deus é por acaso servo do homem? É Deus que tem a
obrigação de "fazer o homem feliz"? A Bíblia nos diz: "Buscai em
primeiro lugar o reino dos céus e as demais coisas vos serão
acrescentadas." (Mt 6.33) Mas as pessoas estão confundindo estas palavras
de Jesus. Ele não disse: "Venha para a igreja, frequente os cultos, e eu
faço você feliz." Ele não disse: "Buscai-me só de fachada com
intenção de retorno financeiro e eu garanto te dar sucesso." Não. Muito
pelo contrário, Cristo disse em outra passagem que “se alguém quiser ser o
maior, seja este o que sirva aos outros." (Mc 10.42-44).
Hoje as pessoas querem que aquele que o viu chorar seja este
que chore, seja este humilhado; não se conformam apenas com o seu próprio bem,
mas querem ter a satisfação de saber que o outro está mal em vir a sua vitória,
a maioria dos hinos hoje têm, infelizmente esta ênfase, por ex: "Sabor de
mel" e muitas outras; isto reflete o desejo insano do homem em sempre
estar por cima dos outros, em ser aplaudido, em ter destaque diante dos outros
que o cercam, em "estar bem na fita", como popularmente dizem por aí; e Deus é quem tem que servi-lo para atingir o seu propósito e
caprichos provindos de sua natureza caída que clama por conforto, e que vêm à
tona quando as pessoas não buscam a Deus verdadeiramente de coração, não
importando se ele vai dar-lhes ou não alguma bênção.
Termino deixando a paráfrase de um exemplo lindo de
fidelidade e desprendimento (Daniel 3): Os três jovens ameaçados pelo rei Nabucodonosor
deserem lançados na fornalha de fogo responderam ao serem perguntados por ele: Quem é o Deus que vos livrará de
minhas mãos? Eles disseram: O Deus a quem servimos pode nos livrar, mas se ele
não quiser nos livrar, saibas, oh, rei, que mesmo assim não nos prostraremos diante
da tua estátua. Isso é servir a Deus em troca de nada. Ser fiel porque sabe que
deve ser fiel.
Deus verdadeiramente quer salvar o homem. E estes aos quais
Ele chamar serão felizes eternamente com ele; porém, precisamos ter em mente o
que Jesus disse "no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o
mundo." Aqui é lugar de aflição. Teremos momentos bons, mas também os
ruins, de angústia, de falta de dinheiro, de enfermidades, enfim. Lembrando
ainda que boa parte dos momentos ruins que vivemos é provocada pelos nossos
próprios erros; mas Deus é misericordioso para com aqueles que o buscam com o
coração quebrantado e contrito, nos restaura e faz como quer na nossa vida,para
a glória do Seu Nome.
Grandes homens na Bíblia e no decorrer da história que
serviram fielmente a Deus foram pobres, ou até mesmo morreram de doenças graves
e nem por isso deixaram de ser homens e mulheres abençoados e usados por Deus.
Pensemos nisso.